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Sunday, May 6, 2012

Pastagem de Capim Brachiaria Decumbens


                                   



CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

Gramínea de hábito decumbente, bastante enfolhada, formando denso relvado de até 100cm de altura. Folhas muito pubescentes e inflorescência racimosas contendo racemos com fila dupla de sementes também pubescentes, ráquilas em ziguezague e finas.
As plantas são robustas, geniculada em alguns nós inferiores e pouco radicante. Os rizomas apresentam-se na forma de pequenos nódulos e emitem grande quantidade de estolões, bem enraizados e com pontos de crescimento protegidos (rizomas e gemas axilares).

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS:


A sua difusão deu-se de forma acentuada, devido à boa produção e germinação de suas sementes, a alta produtividade em solos ácidos e de baixa fertilidade, com ótima adaptação a solos de cerrado, alta agressividade na competição com a vegetação nativa, elevada disseminação pela semeadura natural, formação de populações exclusivas, dispensando roçadas freqüentes e elevada persistência. Nas áreas cultivadas é considerada uma invasora de difícil controle.
A decumbens recupera-se rapidamente depois do pastejo e após a queimada, além de boa tolerância ao sombreamento. Mesmo com boa tolerância a solos ácidos, responde bem a adubação e tem alto potencial produtivo em solos férteis. Não tolera solos inundados e é suscetível a cigarrinhas-das-pastagens. Cresce bem no verão, porém tem sua produção afetada por baixas temperaturas, sofrendo bastante com geadas. A cobertura do solo é rápida, quando se utiliza uma boa densidade de semeadura. Esta característica permite uma boa proteção contra erosões do solo, sendo este material recomendado para áreas de declive acentuado.

UTILIZAÇÃO E MANEJO:

Esta espécie pode ser utilizada em pastejo direto pelos animais, servindo-se também para confecção de silagem e fenação. Bovinos em regime de engorda e cria conseguem boa produtividade neste pasto. Não recomendamos para eqüinos, ovinos e caprinos.
Recomendamos que bezerros recém desmamados também não sejam colocados para consumir esta pastagem, pois, dependendo da região poderá apresentar problemas de fotossensibilização, devido à ação do fungo Pythomyces chartarum. Com um manejo adequado, evitando acúmulo de folhas mortas, através do aumento da intensidade de pastejo, podemos evitar ou diminuir a intensidade da doença.
Evite bezerros desmamados neste pasto, pois o estresse do desmame associado à idade do animal, predispõem o aparecimento da fotossensibilização. Recomendamos a retirada dos animais da decumbens, colocando-os em áreas sombreadas e o uso de dessensibilizantes auxilia na recuperação destes animais.
A decumbens como uma espécie susceptível as cigarrinhas não devem ser estabelecidas em regiões com histórico deste inseto.

Saturday, May 5, 2012

Plantio de Mandioca

Época de plantio
A época de plantio adequada é importante para a produção da mandioca, principalmente pela relação com a presença de umidade no solo, necessária para brotação das manivas e enraizamento. A falta de umidade durante os primeiros meses após o plantio causa perdas na brotação e na produção, enquanto que o excesso, em solos mal drenados, favorece a podridão de raízes. A escolha da época de plantio adequada ainda pode reduzir o ataque de pragas e doenças e a competição das ervas daninhas.
O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa, quando a umidade e a temperatura tornam-se elementos essenciais para a brotação e enraizamento. É importante conectar a época de plantio com a disponibilidade de manivas, sejam elas recém-colhidas, o que é melhor, ou armazenadas. Nos cultivos industriais de mandioca é necessário combinar as épocas de plantio com os ciclos das cultivares e com as épocas de colheita, visando garantir um fornecimento contínuo de matéria-prima para o processamento industrial.
Devido a extensão territorial do Brasil, as condições ideais para o plantio de mandioca não coincidem para as diferentes regiões. Para a região dos Tabuleiros Costeiros recomenda-se o plantio de mandioca entre os meses de março e agosto.

Espaçamento e plantio

A utilização do espaçamento adequado associado a outras práticas de cultivo contribui para a obtenção de rendimentos elevados.
No cultivo da mandioca o espaçamento depende da fertilidade do solo, do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada).
De maneira geral, recomenda-se os espaçamentos de 0,80 a 1,50 m entre linhas e 0,50 a 1,00 m entre plantas em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x 0,60 m, em fileiras duplas. Em solos mais férteis deve-se aumentar a distância entre fileiras simples para 1,20 m, proporcionando uma maior área de exploração por planta. Enquanto que nas áreas de menor fertilidade a tendência é reduzir o espaçamento, proporcionado uma maior população, compensando a menor produção por planta com um maior número de plantas.  Em plantios destinados à produção de ramas para ração animal recomenda-se um espaçamento mais estreito, com 0,80  a 1,00 m entre linhas e 0,50 m entre plantas. Com essa redução no espaçamento as plantas apresentam uma tendência a desenvolver uma parte aérea mais tenra, facilitando seu uso na alimentação de animais tanto na forma fresca como seca ao sol.   Quando o plantio e/ou a colheita for mecanizada, a distância entre as linhas deve apresentar um afastamento que permita a movimentação das máquinas. Se as capinas forem mecanizadas, deve-se adotar um espaçamento que permita a livre circulação das máquinas sem danificar as plantas; nesse caso, a distância entre fileiras duplas deve ser de 2,00 m, no caso do uso de tratores pequenos, ou de 3,00 m, para uso de tratores maiores. Nos pequenos cultivos, capinados à enxada, deve-se usar espaçamento mais estreito, facilitando  a cobertura do solo mais rapidamente dificultando o desenvolvimento das ervas daninhas.
O espaçamento em fileiras duplas oferece as seguintes vantagens: a) facilita a mecanização; b) facilita a consorciação; c) reduz o consumo de manivas, de adubos, mão de obra com plantio e colheita; d) permite a rotação de culturas pela alternância das fileiras; e) reduz a pressão de cultivo sobre o solo; e g) facilita a inspeção fitossanitária e a aplicação de defensivos.
Quanto ao plantio da mandioca, em solos não sujeitos a encharcamento pode ser feito em covas preparadas com enxada ou em sulcos construídos com enxada, sulcador a tração animal ou motomecanizados. Tanto as covas quanto os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm de profundidade. As plantadeiras mecanizadas disponíveis no mercado fazem de uma só vez as operações de sulcamento, adubação, plantio e cobertura das manivas. Em solos argilosos recomenda-se o plantio em cova alta ou matumbo, que são pequenas elevações de terra, de forma cônica, construídas com enxada, ou em leirões, que são elevações contínuas de terra, que podem ser construídos com enxada ou arados.
As manivas-semente, estacas ou rebolos podem ser plantadas em três posições: vertical, inclinada ou horizontal. A maneira mais adotada é a horizontal, porque facilita a colheita das raízes por apresentar um desenvolvimento superficial, colocando-se as manivas no fundo das covas ou dos sulcos. Quando se usa a plantadeira mecanizada, as manivas também são colocadas na posição horizontal. Enquanto posições inclinada e vertical são menos difundidas porque as raízes aprofundam mais, dificultando a colheita.

Consorciação
O cultivo da mandioca no Nordeste é feito em sua quase totalidade em sistemas associados, devido principalmente a predominância de propriedades que requerem um uso mais intensivo do capital de mão-de-obra.
Amplamente utilizado pelos pequenos produtores das regiões tropicais, o cultivo consorciados apresenta, sobre o monocultivo, as vantagens de promover garantia de uma maior estabilidade de produção, melhor utilização da terra,  melhor utilização da força de trabalho, maior eficiência no controle de ervas daninhas e disponibilidade de mais de uma fonte alimentar.
Sistema de plantio em fileiras simples
O plantio de uma ou mais culturas entre as fileiras de mandioca apresenta o inconveniente da concorrência intra e interespecífica e da impossibilidade de se fazer mais de um cultivo intercalar durante o ciclo da mandioca. Nesse caso, a consorciação reduz as produtividades das culturas componentes dos sistemas.
  • Mandioca + feijão Phaseolus ou Vigna
É o consórcio mais usado pelos agricultores nordestinos. A escolha da espécie de feijão varia com o local e a região.
O feijão é plantado intercalado nas fileiras de mandioca, cujo espaçamento varia desde 1,00 x 0,50 m até 2,00 x 1,00 m, dependendo do número de fileiras de feijão intercaladas e da espécie. Em geral, o número de fileiras de feijão entre as plantas de mandioca é de uma ou duas no espaçamento de 0,60 m, com 15 sementes por metro linear de sulco, ou 0,50 x 0,20 m, com duas sementes por cova em plantio simultâneo. 
  • Mandioca + milho
O consórcio mandioca + milho é também bastante usado no Brasil, normalmente plantando-se uma fileira de milho entre duas de mandioca, no espaçamento de 1,00 m entre as fileiras do milho e de 0,20 m a 0,40 m entre covas na linha.
  • Mandioca + milho + feijão
A utilização seimultânea de três espécies em sistema de cultivo consorciado é amplamente definitivo, e apresenta variações de acordo com a região.
Esse sistema de consórcio triplo também é muito utilizado, plantando-se uma ou duas fileiras de milho entre duas de mandioca, alternadas com fileiras de feijão apresentando variações de acordo com a região.  As fileiras de feijão devem ser dispostas alternadamente em relação com as de milho.
Sistema de plantio em fileiras duplas
O plantio em fileiras duplas é uma prática onde se aproximam as fileiras de mandioca de maneira que, entre cada dupla, fique um espaço maior que o convencional.  Desta maneira, nos espaços livres entre as fileiras duplas pode-se cultivar outras culturas sem prejuízo na produtividade das culturas consorte.
Tem a vantagem de racionalizar o consórcio, pelo uso dos espaços livres que existem entre cada fileira dupla da mandioca, nos quais é possível se fazer até dois plantios de culturas de ciclo curto durante o ciclo da mandioca. O melhor espaçamento em fileiras duplas é de 2,00 x 0,60 x 0,60 m.
  • Mandioca + feijão Phaseolus ou Vigna
Plantar três fileiras de feijão no espaço livre entre as fileiras duplas, no espaçamento de 0,50 m entre fileiras e 0,20 m entre covas, com duas sementes por cova sendo possível realizar dois plantios, durante um ciclo da mandioca bastando para isto que a mandioca tenha um ciclo de 18 meses. Plantios com esta cultura deve ser realizado simultaneamente ou até 30 dias após o plantio da mandioca.  Para variedades de crescimentos determinado é possível. No caso de variedades de crescimento indeterminado, pode-se utilizar duas fileiras de feijão.
  • Mandioca + milho
Colocar duas fileiras de milho entre cada fileira dupla de mandioca, no espaçamento de 1,00 m entre fileiras e 0,50 m entre covas, em plantio simultâneo.  Para o sistema consorciado mandioca x milho, não se recomenda o segundo plantio da gramínea, pois prejudica muito a mandioca.
  • Mandioca + amendoim
Utilizar três fileiras de amendoim entre cada fileira dupla de mandioca, com espaçamento de 0,50 m entre fileiras e 0,10 m entre covas, colocando-se duas plantas/cova.

Cultivo de Melancia

Adensamento de plantio de melancia

Em tese, bastaria ao agricultor aumentar a quantidade de plantas de melancia cultivadas em determinada área para obter maior colheita. E na verdade, nas espécies de cucurbitáceas, dentre as quais está a melancia, o plantio em altas densidades resultam na colheita de um maior número de frutos. Contudo, em geral, são frutos com tamanho e peso reduzidos que, a depender de demandas do mercado, podem ser considerados refugos de baixo valor comercial.

Determinar com precisão qual seria a relação ideal entre a quantidade de plantas por área cultivada é um recurso técnico importante para maximizar as safras e elevar a produtividade dessa espécie. Isto porque, quanto mais plantas em uma determinada área, é maior a competição por fatores como nutrientes do solo, luz e água, além de ficarem expostos à maior incidência de doenças.

O adensamento maior ou menor do cultivo é uma decisão que o agricultor deve estabelecer de olho nas preferências de consumo que prevalecem nos diversos mercados. Hoje. no mercado interno, os frutos maiores, com peso acima de 7 quilogramas, são os mais comercializados. A colheita desses frutos acontece, principalmente, em situações de cultivo onde as sementes são semeadas em covas mais separadas uma das outras.

Tendências mais recentes observadas no negócio da melancia constatam a crescente predileção, nos mercados interno e externo, por frutos de menor peso, abaixo de 6 quilogramas. Para o agricultor, estão informações são preciosas para quando ele, lá na sua propriedade, for fazer o plantio. E não há dúvida da intrínseca relação entre tipo de adensamento e tamanho de fruto.

No Brasil, os espaçamentos mais utilizados nos plantios de melancia irrigados por aspersão variam de 2 m x 2 m, para cultivares de frutos cilíndricos, a 2 m x 1,5 m, para aquelas de frutos redondos. Nos plantios por sulco ou gotejamento, a distância entre as plantas fica entre 2,5 m a 3 m entre as linhas do plantio e de 0,7 m a 1 m entre as plantas. A produtividade média obtida nestas condições é de 19 toneladas por hectare.

A alteração no adensamento, combinada à adequada adubação e tratos fitossanitários, pode fazer a produtividade na cultura mais que duplicar. Em testes com vários espaçamentos realizados em campo experimental da Embrapa Semi-Árido chegou-se a obter colheitas de 42 a 45 toneladas por hectare. São quantidades capazes de impulsionar a já expressiva participação (51%) dos agricultores nordestinos no conjunto da produção brasileira de melancia.

Nos testes foram utilizados a cultivar Crimson Sweet. Em cada cova, os pesquisadores semearam de três a quatro sementes e, após 15 dias, fizeram o desbaste e deixaram apenas uma planta. Os espaçamentos avaliados foram de 2,5 m e 3 m por linha e 0,40 m, 0,60 m e 0,80 m entre as covas.  Na distância de 3 m combinada com 0,60 e 0,80 foi a que resultou nas elevadas produtividades e com frutos menores, de peso abaixo de 6 quilogramas. Os refugos foram maiores na área onde o espaçamento foi menor (2,5 m).

Outro espaçamento que pode ser interessante do ponto de vista comercial para o agricultor é o seguinte: o cultivo na linha tanto de 3 m ou 2,5 m mas mantendo 0,80 m no espaço entre as plantas. Os frutos colhidos deverão pesar, em média, mais de 8 quilogramas. Neste espaçamento mais ampliado, a quantidade de frutos por planta também é maior: 1,23.

Para as condições de plantio registradas no Vale do São Francisco o cultivo entre 3 m x 0,60 m e 3 m x 0,80 são muito apropriados. Os frutos colhidos nestas condições serão maiores o que é valorizado atualmente no mercado nacional. Entretanto, com vistas nas mudanças pelas quais passa o segmento do consumo, onde aumenta a procura por frutos menores, optar por plantios mais adensados, entre 3 m x o,40 m, é outra opção a considerar.

O espaçamento é um fator crítico na tecnologia e produção de melancia. Em função da demanda do mercado para o qual destina a produção, torna necessário um manejo com maior ou menor densidade de plantas. Desta forma, o agricultor vai ter um maior retorno econômico e maximizar a produção e qualidade do fruto.

Plantio de Mamona


Como Plantar?

A mamoneira é uma planta heliófila, ou seja, deve ser plantada exposta diretamente ao sol e não tolera sombreamento. Tem grande tolerância ao estresse hídrico, mas é exigente em fertilidade do solo. Embora tolere a seca, com boa disponibilidade de água sua produtividade é muito maior. Também pode ser plantada sob irrigação.

Para cada condição climática e nível tecnológico, deve-se procurar escolher uma cultivar apropriada, pois há grande variação nas características das variedades plantadas no Brasil. Os principais detalhes sobre o cultivo de mamona são detalhados a seguir.


Figura 1 - Plantio da Mamona
Foto: Arquivo Embrapa Algodão

Clima Adequado para a Mamona


A condição ideal para cultivo de mamona inclui altitudes entre 300 e 1.500m, temperatura média entre 20 e 30ºC e chuvas anuais entre 500 e 1.500 mm.

Quando cultivada em baixas altitudes, devido à temperatura mais alta, a planta tende a perder energia pela respiração noturna e sofrer redução na produtividade.

Temperaturas muito altas também podem provocar perda da viabilidade do pólen, reversão sexual e outras mudanças fisiológicas que prejudicam a produção, enquanto temperaturas menores que 20ºC podem favorecer a ocorrência de doenças e até paralisar o crescimento da planta.

Quanto à pluviosidade, a planta pode produzir com quantidade de chuva inferior a 500mm, devido a sua grande tolerância à seca, mas a produção pode ser muito baixa para obter viabilidade econômica. Chuva superior a 1.500mm são consideradas excessivas para essa planta, podendo provocar diversos problemas como crescimento excessivo, doenças e encharcamento do solo.

Solo



O solo para plantio de mamona deve ser plano ou com declividade de no máximo 12%, pois essa planta tem pouca capacidade de proteção contra a erosão e crescimento inicial muito lento, demorando a cobrir o solo para protegê-lo da ação das gotas de chuva.

A acidez prejudica o crescimento das plantas, devendo-se escolher áreas com pH próximo a neutralidade (entre 6,0 e 7,0) ou fazer a correção do pH com calagem e com gessagem se necessário.

O solo para plantio de mamona deve ser bem drenado, pois a planta é extremamente sensível ao encharcamento, mesmo que temporário. Cerca de três dias sob encharcamento pode provocar morte das plantas. Solos com alta salinidade também são pouco recomendados, pois a presença de alta concentração de sais pode prejudicar o crescimento da planta.

Preparo do Solo

O preparo do solo é fundamental para o êxito de uma lavoura de mamona. Essa prática tem dois principais objetivos: controlar plantas daninhas e aumentar a aeração do solo. Ambos os fatores são de grande importância, pois a mamoneira é muito sensível à concorrência com as plantas daninhas e muito exigente em aeração do solo, pois suas raízes só se desenvolvem adequadamente em solo com bom suprimento de oxigênio.


Figura 2 - Preparo do Solo
Foto: Arquivo Embrapa Algodão

Época de Plantio



A época de plantio deve ser determinada de forma a aproveitar ao máximo o período chuvoso, mas sendo a colheita feita em época seca. Para isso, deve-se observar o ciclo da cultivar a ser plantada e o início e fim do período chuvoso.

Semeio

O semeio da mamona pode ser feito de forma manual ou mecanizada. No plantio manual, devem ser abertas covas com profundidade de 5 a 10cm e plantadas 3 sementes. A adubação com fertilizantes químicos pode ser feita na mesma cova, tendo-se o cuidado de deixar a semente a pelo menos 5cm de distância do adubo para evitar morte da semente. Usando adubo orgânico esse isolamento não é necessário. Para plantio mecânico, deve-se observar se o tamanho das sementes é compatível com as engrenagens internas que podem lhe causar danos. A adubação pode ser feita concomitantemente ao semeio.

Figura 3 - Semeio da Mamona
Foto: Arquivo Embrapa Algodão


Thursday, May 3, 2012

Plantio de Milho


A cultura do milho (Zea mays) se destaca no contexto da integração lavoura-pecuária (ILP) devido às inúmeras aplicações que esse cereal tem dentro da propriedade agrícola, quer seja na alimentação animal na forma de grãos ou de forragem verde ou conservada (rolão, silagem), na alimentação humana ou na geração de receita mediante a comercialização da produção excedente.
Outro ponto importante são as vantagens comparativas do milho em relação a outros cereais ou fibras no que diz respeito ao seu consórcio com capim. Uma das vantagens é a competitividade no consórcio visto que o porte alto das plantas de milho exerce, depois de estabelecidas, grande pressão de supressão sobre as demais espécies que crescem no mesmo local. A altura de inserção da espiga permite que a colheita mecanizada seja realizada sem maiores problemas, pois a regulagem mais alta da plataforma diminui os riscos de embuchamento. Somando-se isso à disponibilidade de herbicidas graminicidas pós-emergentes, seletivos ao milho, é possível obter-se resultados excelentes com o consórcio milho +capim, como por exemplo no sistema Santa Fé. Ainda a cultura do milho possibilita trabalhar com diferentes espaçamentos. Atualmente a tendência é reduzir o espaçamento entre as fileiras do milho. Isso vai melhorar a utilização de luz, água e nutrientes e aumentar a capacidade de competição das plantas de milho. No consórcio com forrageiras a redução de espaçamento tem, ainda, a vantagem de formar um pasto mais bem estabelecido (fechado), quando as sementes da forrageira são depositadas somente na linha de plantio do milho. A decisão pelo espaçamento do consórcio a ser estabelecido deve levar em conta a disponibilidade das máquinas, tanto para o plantio quanto para a colheita.

Vantagens da Integração Lavoura-Pecuária
A integração lavoura-pecuária é a diversificação, rotação, consorciação ou sucessão das atividades agrícolas e pecuárias dentro da propriedade rural de forma planejada, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que há benefícios para ambas. Possibilita, como uma das principais vantagens, que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano ou, pelo menos, na maior parte dele, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de fibras, de lã, de carne, de leite e de agroenergia a custos mais baixo devido ao sinergismo que se cria entre a lavoura e a pastagem. Sistemas de integração lavoura-pecuária (SILP), compostos por tecnologias sustentáveis e competitivas foram e ainda estão sendo desenvolvidos ou ajustados às diferentes condições edafoclimáticas do país, o que tem possibilitado a sustentabilidade do empreendimento agrícola, com redução de custos, distribuição de renda e redução do êxodo rural em decorrência da maior oferta de empregos no campo.
Dentre os principais benefícios para o produtor podemos destacar: (i) diversificação de atividades/produção garantindo maior estabilidade de renda, uma vez que, o produtor não fica dependente das condições favoráveis de mercado e ou sujeito a problemas climáticos de apenas um produto, além de possibilitar a obtenção de receitas em diferentes épocas do ano; (ii) associa o baixo risco da atividade pecuária com a possibilidade de alta rentabilidade da produção agrícola; (iii) viabiliza a recuperação do potencial produtivo de áreas já desmatas, principalmente pastagens degradadas, aumentando a produção e oferta de grãos, fibras, agroenergia, carne e leite, contribuindo para a redução da pressão por abertura de novas áreas, principalmente na região amazônica; (iv) como alternativa para a recuperação de pastagens degradadas, a ILP apresenta viabilidade técnica e econômica, utilizando-se a produção da lavoura (grãos, fibras etc) para cobrir os custos de preparo da área e aquisição dos corretivos e fertilizantes, ficando o pecuarista com a pastagem recuperada; (v) otimiza a utilização de máquinas, equipamentos, insumos e mão-de-obra no decorrer do ano, ou seja, as máquinas e funcionários que no período da safra estão ocupados na condução das lavouras, no período da entresafra serão utilizados nas atividades pecuárias; (vi) redução na incidência de pragas, doenças e plantas daninhas nas lavouras em função da rotação de culturas, baixando os custos de produção (redução da quantidade de defensivos agrícolas e coustos de aplicação); (vii) maior eficiência de utilização de corretivos e fertilizantes aplicados por meio de consorciação e /ou sucessão de culturas/pastagem em uma mesma área, como exemplo o aproveitamento pelas pastagens do adubo residual utilizado na cultura anterior; (viii) na ILP, com a introdução de capins em determinados períodos nas áreas de lavoura têm-se a produção de excelente palhada (quantidade e qualidade) para a realização do sistema de plantio direto na palha. O plantio direto possibilita a redução de custos com operações mecanizadas e defensivos, eleva o teor de matéria orgânica no solo, melhora a estrutura física do solo elevando a velocidade de infiltração da águas das chuvas no solo e mantém o solo com cobertura vegetal durante todo o ano, protegendo-o da erosão repercutindo em benefícios ambientais significativos.
Durante as etapas de conversão da propriedade, ou parte dela, para SILP o proprietário deverá ir se qualificando, pois o gerenciamento torna-se mais complexo. A maior dificuldade para adoção de SILP, por parte do pecuarista, é seu parque de máquinas geralmente limitado. Por sua vez, o agricultor demandará investimentos consideráveis em cercas e animais. Em razão disso, acordos de parcerias e arrendamentos de terra tem sido uma saída para aqueles que não dispõem de capital para fazer esses investimentos ou não estão dispostos a utilizar as linhas convencionais ou especiais de crédito para SILP que estão sendo implementadas.

Milho consorciado com forrageiras
Na prática depara-se com as mais variadas situações em que o produtor tenta reduzir os custos de recuperação ou reforma de seus pastos fazendo plantio de milho + forrageira. Aliás, essa prática é bastante antiga. Por outro lado, é raro aquele que faz implantação de pastagens em áreas agrícolas. Existem para estas duas situações, propostas para inserir as propriedades em SILP de tal forma que elas passem a ser mais sustentáveis e competitivas. As tecnologias disponíveis são o Sistema Barreirão, o Sistema Santa Fé e suas variações. Qualquer um desses sistemas é perfeitamente ajustável a qualquer tamanho de propriedade, desde as pequenas, com alguns hectares e que usam a mão-de-obra familiar, até aquelas empresariais com alto nível tecnológico.

Sistema barreirão
Esse sistema foi desenvolvido na década de 80 pela Embrapa Arroz e Feijão. Com ele foi possível recuperar ou reformar imensas áreas com pastagens degradadas, especialmente no Brasil Central. Ainda hoje ele é usado com essa finalidade servindo como preparação para implantação da ILP no Sistema Santa Fé.
Para que o sistema seja implantado, deve ser precedido de uma série de cuidados referentes ao diagnóstico da gleba, à escolha da cultivar de milho e da forrageira dentre outros. Primeiramente fazer a avaliação do perfil do solo para verificar se há presença de camada compactada ou adensada e conhecer a espessura do horizonte superficial. Nessa etapa, podem ser decididas quais as profundidades de amostragem para caracterização física e química do solo, normalmente são realizadas amostragem nas profundidades de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm. Com base nos resultados das análises, fazer a correção da acidez do solo seguindo a orientação de um técnico. É importante que a aplicação do corretivo seja feita pelo menos 60 dias antes do plantio e que ainda haja umidade suficiente no solo, para que o calcário reaja.
O milho é uma espécie exigente em fertilidade do solo, exigindo pH, Ca, Mg, saturação por alumínio e saturação por bases em torno de 6,0, 2,2, 0,8, menor que 20% e 50-55%, respectivamente. Esses níveis são, também, os mínimos necessários para se implantar o Sistema Plantio Direto (SPD). Além disso, a cultura do milho é mais adaptada a solos anteriormente cultivados, principalmente com soja, quando a cultura expressa melhor seu potencial produtivo. Como cultura de primeiro ano, em solos recém-corrigidos ou após pastagem degradada, os rendimentos de grãos são menores. Assim, o agricultor pode optar pelo plantio de variedade ou híbridos duplos de menor custo.
Em algumas situações, é recomendada adubação corretiva para fósforo e potássio, baseadas na análise de solo e em tabelas de recomendações de adubação. Para adubações de plantio e cobertura, para cada tonelada de grãos a ser produzida devem ser fornecidos cerca de 24 kg de N, 3 kg de P, 23 kg de K, 5 kg de Ca, 4 kg de Mg, 46 g de Zn, 8 g de Cu, 65 g de Mn, 274 g de Fe e 18 g de B. A extração de S pela planta de milho varia de 15 kg a 30 kg ha-1, para produções de grãos em torno de 5 a 7 t ha-1.
A principal característica do Sistema Barreirão é a aração profunda com arado de aiveca. As razões para se usar esse implemento são: fazer o condicionamento físico e químico do solo rompendo camadas compactadas ou adensadas; inverter a camada de solo revolvida para que haja incorporação profunda de corretivos, incorporar em profundidade o banco de sementes de plantas daninhas, para que essas não germinem ou tenham a emergência retardada competindo menos com o milho; incorporar o sistema radicular de capins, acelerando a sua mineralização para minimizar a concorrência com o milho pelo nitrogênio.
Na seqüência são tomados os cuidados com a conservação do solo. Como o condicionamento químico não é imediato, ou seja, demanda tempo de reação dos corretivos e fertilizantes, é esperado melhor desempenho das lavouras de milho nos cultivos subseqüentes.
Para se obter um bom desempenho da cultura em áreas com pastagem degradada, onde predominam solos ácidos e de baixa fertilidade, fazem-se necessários a correção mínima de acidez e o suprimento de nutrientes adequados. A calagem, nesse caso, pode ser feita antes do período chuvoso que antecede a semeadura (agosto/setembro). O melhor método consiste em aplicar 60-70% do calcário, incorporá-lo superficialmente com grade aradora, arar profundamente (35-40 cm), aplicar o restante 30-40% do corretivo, nivelar/destorroar e semear o milho e a forrageira. Nas demais opções, o calcário pode ser espalhado superficialmente para ser incorporado apenas imediatamente antes da semeadura do consórcio.
No Sistema Barreirão, a determinação da necessidade de calagem para o milho obedece à mesma metodologia e aos critérios utilizados para os cultivos solteiros. Entretanto, deve-se considerar que para solos com alto teor de areia e baixa matéria orgânica o método de saturação por bases geralmente subestima a quantidade de calcário a ser aplicada. Em geral, isso ocorre com todos os métodos vigentes. Assim, é necessário considerar a cultura a ser implantada, o histórico da área e a experiência local quanto à resposta das culturas aos corretivos de acidez do solo. Para a cultura do milho, a calagem é necessária quando o solo apresentar concentração de Ca2 + Mg2 inferior a 3,0 cmolc dm-3 de solo, na razão aproximada de 3-4:1.
Existem vários relatos de que o processo mais econômico de correção da acidez das camadas superficiais e subsuperficiais do solo é a utilização de uma parte de gesso (sulfato de cálcio) em mistura com calcário. O gesso contém aproximadamente 23% de cálcio e 19% de magnésio. Assim, se forem aplicados 500 kg ha-1 de gesso, por exemplo, só com esse insumo estariam sendo aplicados 115 kg ha-1 de Ca e 95 kg ha-1 de S, quantidades teoricamente suficientes para a obtenção de mais de 6 t ha-1 de milho.
Os sulfatos carreiam alguns cátions-base através dos horizontes, corrigindo a acidez e favorecendo o crescimento radicular das plantas em camadas subsuperficiais. Na recuperação de pastagens degradadas, tal qual no Sistema Barreirão, o tempo de reação do corretivo no solo é, em geral, insuficiente, não obedecendo ao período mínimo de 90 dias, em condições de solo úmido, entre a aplicação e a semeadura da cultura ou da forrageira. Considerando-se que o principal fator determinante da velocidade de reação de um corretivo é o tamanho de suas partículas, o calcário “filler”, ou finamente moído, pode produzir melhor resultado que o calcário convencional. Na cultura do milho, embora o teste estatístico não tenha detectado diferenças, houve um acréscimo superior a 1,0 t ha-1 de grãos com a utilização do “filler” e diferenças significativas na produção de matéria verde da forrageira B. brizantha (Tabela 1).
Tabela 1. Efeito comparativo da calagem tradicional com a microcalagem no estande, no número de espigas, na produtividade do milho e na produção de massa verde (MV) de B. brizantha, em solo sob pastagem degradada, Fazenda Barreirão, Piracanjuba, GO.
Calcário
Milho
MG da Forrageira (t ha-1)

Estande (plantas m-2 )
Espigas m-1
Produtividade (Kg ha-1)

3 t/ha de calcário a lanço 5,7a 4,9a 2.283a 34,4b
3 t/ha de “filler” a lanço 5,8a 5,3a 3.348a 44,6ab
0,3 t/ha de “filler” na linha 5,6a 5,4a 3.360a 50,8a
0,6 t/ha de “filler” a lanço 5,7a 5,4a 3.084a 38,6a
Fonte: Oliveira et al. (1996).
No sistema Barreirão os procedimentos de plantio do milho são os tradicionais. No plantio simultâneo, dependendo da espécie da forrageira, as sementes desta são misturadas ou não ao adubo do milho. É importante cuidar para que a mistura seja feita no dia do plantio e regular a profundidade de deposição do adubo + sementes para maior profundidade, cuidando para que não ultrapasse o limite para que haja emergência das plântulas o que varia com a espécie. Geralmente, sementes de braquiária podem ser depositadas até 8 cm e de panicum até 3 cm. As sementes do milho geralmente são depositadas a 3 cm de profundidade no solo.
É desejável estabelecer uma ou duas linhas adicionais de forrageira nas entrelinhas do milho para melhor formação da pastagem, o que vai depender do espaçamento e do equipamento de plantio disponível. Existe hoje uma tendência de redução do espaçamento entrelinhas na cultura do milho, principalmente com os híbridos atuais, que são de porte mais baixo e arquitetura mais ereta. Várias pesquisas relatam aumento no rendimento de grãos de milho com redução do espaçamento entre fileiras até 0,5 m. Esse comportamento se deve ao fato de milhos atuais terem características de porte mais baixo, melhor arquitetura foliar e menor massa vegetal, o que permite cultivos mais adensados em espaçamentos mais fechados. É importante ressaltar que em plantios com espaçamento reduzido deve-se aumentar a densidade de semeadura em 10 a 15%. Esse plantio em menores espaçamentos além de possibilitar melhor e mais rápida cobertura do solo, evita a formação de touceiras muito grandes de capim o que poderá afetar negativamente a qualidade do próximo plantio. Outra possibilidade é o plantio defasado da forrageira em 15 a 30 dias depois da emergência do milho: planta-se o milho solteiro e faz-se o semeio da forrageira juntamente com a adubação de cobertura.
Outros resultados serão discutidos no Sistema Santa Fé.
Em muitos casos, agropecuaristas têm adotado essa tecnologia somente para recuperar ou reformar pastagens. Um programa de adubação de manutenção e de pastejo controlado tem permitido a utilização da nova pastagem por período indeterminado, com alta produtividade. Caso essa programação não seja executada, a nova pastagem se degradará em alguns anos, sendo necessário recuperá-la novamente, conforme já salientado. É regra em ILP que a pastagem não se degrade. Se isso estiver acontecendo mostra deficiência no planejamento da ILP adotada e que medidas corretivas são necessárias.
Recomendações importantes na implantação do sistema Barreirão: (i) Devido à cultura do milho não ser plenamente adaptada a cultivos de abertura de área ou sob área com pastagem degradada, o potencial de rendimento, no primeiro ano, dificilmente ultrapassa 5 t ha-1; (ii) Para a obtenção de altas produtividades de milho, acima de 6 t ha-1, é recomendável a aplicação dos corretivos de acidez do solo pelo menos um ciclo de chuvas antes da semeadura;(iii) Em áreas recém-desbravadas ou sob pastagem degradada, onde o potencial de produção do milho é menor, a opção por variedade ou híbridos duplos resulta em economia na aquisição de sementes; e (iv) Realização de tratamento de sementes para prevenção de ataque de lagartas e formigas na fase inicial de estabelecimento da cultura.

Sistema Santa Fé
O Sistema Santa Fé fundamenta-se na produção consorciada de culturas de grãos, especialmente o milho, sorgo, milheto com forrageiras tropicais, principalmente as do gênero Brachiaria e Panicum, no Sistema de Plantio Direto, em áreas de lavoura com solo parcial ou devidamente corrigido. Nesse sistema, a cultura do milho apresenta grande performance de desenvolvimento inicial, exercendo com isso alta competição sobre as forrageiras e evitando redução significativa nas suas capacidades produtivas de grãos. Os principais objetivos do Sistema Santa Fé são a produção de forrageira para a entressafra e palhada em quantidade e qualidade para o Sistema de Plantio Direto na safra seguinte. O Sistema Santa Fé apresenta grande vantagem, pois não altera o cronograma de atividades do produtor e não exige equipamentos especiais para sua implantação. Através dele, é possível aumentar o rendimento da cultura de milho e das pastagens e, com isso, baixar os custos de produção, tornando a propriedade agrícola mais competitiva e sustentável. Além disso, esse sistema está viabilizando o plantio direto em várias regiões devido à geração de palhada em quantidade adequada. Somam-se a isso alguns benefícios agregados à palhada de braquiária no que diz respeito ao seu efeito supressor de plantas daninhas e de fungos de solo.

Fisiologia das espécies em consórcio
As espécies forrageiras comumente utilizadas apresentam elevadas taxas de crescimento. Por isso, a redução do crescimento das forrageiras deve ser considerada para que o consórcio tenha êxito, com produtividades de grãos equivalentes ao sistema solteiro. Estratégias como retardar a emergência da forrageira, uso de doses reduzidas de herbicidas e populações adequadas das espécies em consórcio são fundamentais para que a área foliar da cultura do milho se sobreponha à das forrageiras ao longo do ciclo. Pesquisas com o Sistema Barreirão mostram que, dispondo as sementes das forrageiras em maiores profundidades (6 a 8 cm, retarda-se em até 13 dias a sua emergência, conseguindo-se uma ampla vantagem do índice de área foliar (IAF) da cultura sobre o da forrageira. No Sistema Santa Fé, o consórcio é geralmente conduzido em solo de média a alta fertilidade e espera-se uma maior competição da forrageira com a cultura. Por essa razão, geralmente, além da semeadura mais profunda da forrageira, em alguns casos, pode haver a necessidade do uso de herbicidas para conter seu crescimento ou plantio defasado, plantando a forrageira alguns dias após o milho.
Um estudo sobre o consórcio de milho com braquiária e com o capim mombaça mostrou que mesmo com ou sem a aplicação de herbicida para reduzir o crescimento das forrageiras, a taxa assimilatória líquida (TAL) do milho foi maior que a das forrageiras em grande parte do ciclo da cultura. A TAL indica a eficiência fotossintética e devido ao maior crescimento do milho e o conseqüente sombreamento que esse exerce nas forrageiras, resultou em uma maior taxa de crescimento da cultura (TCC) do milho, superando o das forrageiras e tornando o consórcio dessas espécies muito seguro. A aplicação de herbicida para redução do TCC da braquiária somente é necessária em situações onde o milho não tem um bom desenvolvimento inicial, em casos de baixa fertilidade do solo e em outras situações tais como: estiagem prolongada no período inicial da lavoura, forte ataque de lagarta do cartucho, dificultando o desenvolvimento inicial da cultura, etc.
Vários trabalhos realizados com o consórcio milho e forrageiras mostram que na média, a presença da forrageira reduziu a produtividade em 5%. Contudo, verifica-se que em vários casos não há diferenças significativas entre o milho solteiro e o consorciado. Vale ressaltar que o diferentes resultados estão associados à combinação de vários fatores, como a população da forrageira, a época de sua implantação, os arranjos de plantio, a presença de plantas daninhas, a aplicação de herbicidas, a fertilidade do solo e as condições hídricas. Nos tratamentos onde foram aplicados os herbicidas para reduzir o crescimento da forrageira, as produções foram semelhantes às do milho solteiro, indicando que esse procedimento pode eliminar as perdas no consórcio. A seguir, discute-se alguns desses fatores e seus efeitos na produção do milho e da forrageira.

Manejos de herbicidas e efeitos no milho e na produção de forragem
No consórcio milho e forrageiras, geralmente as aplicações de herbicidas em pré-emergência afetam o estabelecimento das forrageiras, mesmo naqueles manejos onde o plantio da forrageiras é feito junto com a cobertura nitrogenada (em torno de 20 dias após a emergência do milho). Dessa forma, são usados os herbicidas aplicados em pós emergência das plantas daninhas e do milho. Dentre esses herbicidas, destacam-se o herbicida atrazina e alguns do grupo químico das sulfonilúreas, como o nicosulfuron, foramsulfuron e iodosulfuron methyl sodium.
No consórcio, a atrazina é aplicada nas doses de 1000 a 1500 g i.a./ha em pós- emergência e, nessas doses, somente apresenta controle sobre as dicotiledôneas.
As sulfonilúreas são usadas em pós emergência, com enfoque no controle de gramíneas e de algumas espécies dicotiledôneas. Já o foramsulfuron atua principalmente sobre gramíneas e o iodosulfuron methyl sodium sobre espécies de folhas largas, estando, assim disponível no mercado como mistura pronta para a cultura do milho.
O período crítico de competição (PCC) das plantas daninhas ou forrageiras no milho ocorre entre os estádios V5 (5 folhas totalmente expandidas) e V8 ou entre 20 e 40 dias após emergência. Dessa forma, a aplicação de herbicidas pós emergentes deve ser feita entre V4 e V5. O herbicida atrazine (atrazina) deve ser usado na dose de 1500 g i.a./ha (3 L p.c./ha) para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas. O nicosulfuron (Sanson) é recomendado na dose de 4 a 8 g i.a./ha (0,1 a 0,2 L p.c./ha). A dose maior é recomendada quando a forrageira ou plantas daninhas estão em estágios mais avançados (mais de 3 perfilhos). Para o consórcio do milho e panicuns (tanzânia, mombaça e outros), a dose de nicosulfuron não deve ultrapassar a 6 g i.a.ha-1 ( 0,15 L p.c./ha) devido à sensibilidade dessas espécies aos herbicidas. Para os herbicidas foramsulfuron + iodosulfuron (Equipe-Plus), recomenda-se dose de 15 + 1 g i.a./ha (0,5 L p.c./ha). Nessas doses, há uma redução do crescimento da forrageira e também das plantas daninhas em torno 40 a 50%, suficiente para a redução da competição com o milho no PCC.
A recuperação da toxicidade da forrageira devida aos herbicidas depende de vários fatores, como as condições hídricas, a fertilidade de solo e o próprio nível de fitotoxicidade da forrageira após aplicação dos herbicidas. Portanto, recomenda-se não aplicar doses acima das indicadas. A consorciação de plantas forrageiras nas entrelinhas da cultura pode auxiliar na supressão da comunidade infestante.

Arranjos espaciais da forrageira e efeito no milho e na produção de forragem
Pesquisas mostram que os diferentes arranjos testados não afetam o rendimento do milho (Tabela 2). Entretanto os arranjos afetaram de forma significativa a produção de forragem, ou seja, ficou evidente que o plantio de duas linhas da forrageira na entrelinha do milho proporcionou maior produção de forragem e ainda: quanto maior foi a distribuição em linha da forrageira maior foi a produção (menor tempo de formação do pasto). Nesses estudos o espaçamento entre fileiras de milho foi de 1,0 m em Coimbra (MG) e 0,45 m em Ilha Solteira (SP) e a densidade de plantio da forrageira, em kg ha-¹ de sementes puras viáveis (SPV) foi de 3,0 kg ha-1 no ensaio de produção de grãos, de 3,8 kg ha-1 no ensaio de produção de silagem em Coimbra e de 6,4 kg ha-1 no ensaio em Ilha Solteira.
Tabela 2. Rendimento do grãos e forragem (MV) de milho, em kg ha-¹, e de B. brizantha, em t ha-1, função de diferentes arranjos espaciais e locais de plantio.
Sistema de Plantio
Local

Coimbra MG Ilha Solteira SP
Coimbra MG

 Grãos
Forrag¹ Grãos Forrag¹
MV
Forrag¹ Forrag²
Plantio simultâneo com 1 linha nas entrelinhas 5.570 1,15 - - - - -
Plantio simultâneo com duas  linha entrelinha 5.030 2,66 - - 55.330 0,73 4,48
Plantio simultâneo a  lanço 5.770 0,45 6.928 1.69 49.790 0,13 0,76
Plantio simultâneo na linha do milho 5.550 0,71 7.503 2,13 - - -
Plantio 30 DAE do milho  com uma linha entrelinha - - 7.677 1.45 51.920 0,05 0,05
Plantio a  lanço, 30 DAE do milho - - 8.147 1,48 - - -
Milho solteiro 5.910 - 7.995 - 55.920 - -
Braquiaria solteira - 7,63 - - - 2,83 14,94
*Produção de forragem;
Fonte: Adaptado de Jakelaitis et al., 2005; Pantano, 2003 e Freitas et al., 2005.

Épocas de introdução das forrageiras e efeitos no milho e na produção de forragem
Pesquisas mostraram que não há diferenças de produtividade do milho entre o plantio simultâneo da forrageira com o milho e o plantio em pós emergência (Tabela 3). O milho apresenta maior taxa de crescimento no início do desenvolvimento em comparação com a forrageira, o que garante o sucesso do plantio simultâneo das duas espécies. Ao contrário do milho, a produção da forrageira é extremamente afetada pela época de implantação. Verifica-se nos trabalhos realizados que a produção da forrageira diminui significativamente à medida em que atrasa-se a introdução dessa no consórcio. O milho, por ser uma planta muito competitiva, afeta negativamente a forrageira quando essa é implantada em pós emergência do milho. Diante desses dados, recomenda-se o plantio simultâneo da forrageira com o milho, pois o rendimento do milho não é afetado (desde que sejam seguidas as recomendações de uso de herbicidas, arranjos e densidade de plantio) e a produção da forrageira após colheita do milho atinge seu máximo potencial.
Tabela 3. Rendimento de grãos de milho, em kg ha-1 e de massa seca de forragem, em t ha-1 de braquiária, em função de diferentes épocas de introdução da forrageira em sistema consorciado, em três experimentos em Piracicaba, SP e um em Ilha Solteira, SP.
Sistema de Plantio
Local

Piracicaba Piracicaba
Piracicaba
Ilha Solteira
Rendimento de milho (kg ha-1)
Milho solteiro 9.270 9.270 9.270 7.995
Consórcio, plantio simultâneo 9.690 9.700 9.333 7.503
Braquiaria plantada estágio V4 do milho 9.280 9.500 9.450 7.677
Rendimento de massa seca de forragem (t ha-1)
Plantio simultâneo, colheita 1,31 1,56 1,06 2,13
Plantio simultâneo, 60 DAC 3,96 3,17 2,22 -
Braquiaria plantada estágio V4 do milho, colheita 0,37 0,35 0,33 1,45
Braquiaria plantada estágio V4 do milho, 60 DAC 3,16 2,21 1,85 -
Forrageira B.decumbens B.brizantha B.ruziziensi B. brizantha
Espaçamento do milho (m) 0,9 0,9 0,9 0,45
Arranjo do consórcio Uma linha na entrelinha Uma linha na entrelinha Uma linha na entrelinha Uma linha na entrelinha
Densidade de plantio da forrageira (kg ha-1 de SPV) 3 3 3 3,17
Fonte : Adaptado de Tsumanuma, 2004, Pantano, 2003.
Recomenda-se uma densidade de 3,0 kg ha-1 de sementes puras e viáveis (SPV) de braquiária para a implantação do consórcio.

Colheita do milho
A partir do início do secamento das folhas do milho vai haver maior penetração de luz e a forrageira voltará a crescer em maior velocidade. Então a colheita não deve sofrer atraso, pois a forrageira poderá crescer muito e causar transtornos (embuchamento) na colheita mecânica e operacionais na manual. Caso se decida por antecipação da colheita, deve-se ter disponível secador de grãos. Depois da colheita, dependendo da condição do pasto, deve-se fazer um pastejo rápido de formação para estimular o perfilhamento da forrageira ou o pasto deve ser vedado. No primeiro caso, em seguida à saída dos animais, a área deve ser vedada por período suficiente para rebrota e crescimento até a fase do pastejo definitivo, que vai depender das condições do clima. Caso o milho seja colhido para ensilagem, a área é vedada em seguida até a época do primeiro pastejo definitivo. A altura do pastejo deve seguir as recomendações para a espécie forrageira plantada, bem como a carga animal. Depois de um ciclo de pastejo, que pode ser somente na entressafra ou de alguns anos, ao final do período de seca, a pastagem é vedada e, no início das chuvas, dessecada, dando início a novo ciclo de cultura solteira em rotação ou em consórcio.

Plantio de Feijao


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Plantio de Feijao

Adubação orgânica
Sobre a adubação orgânica, aceitávamos, conceito tradicional de que ela deveria ser usada após completa decomposição. Os estudos realizados, todavia, mostraram que no caso do feijão a adubação orgânica será usada antes da sua completa decomposição. Só assim se tornará possível o aproveitamento total dos valores físicos da massa vegetal no que se refere à aeração, à redução na variação da temperatura do solo, à manutenção da umidade, etc.
Tal é a importância da massa vegetal (adubo orgânico) ainda não totalmente humificada para a nutrição da planta e, conseqüentemente, para o seu desenvolvimento e para a produção econômica da leguminosa que o problema da adubação deve ser tratado com mais profundidade.
No caso da massa vegetal (o mais comum), a matéria orgânica vai desde a planta recém-cortada até quando já se decompôs quase totalmente, ficou mineralizada ou transformada em húmus. Quando se incorpora multa quantidade de matéria orgânica ao solo, inicialmente há uma grande atividade microbiana para produzir gás carbônico em alto volume, ocorrendo momentaneamente uma redução da quantidade de nitrogênio cm forma de nitrato.
O segredo está, portanto, no uso, de massa vegetal volumosa, ainda com bastante efeito físico, e que esteja liberando paulatinamente nitrogênio. Tais condições são obtidas, na prática, com o uso de adubo verde na fase inicial de decomposição. Em experiência realizada, a massa de soja-perene foi incorporada aos canteiros, na base de 10 t/ha, dez meses antes da semeadura, e aguardando-se a sua completa decomposição. Em outros canteiros, às vésperas do plantio, incorporou-se aquele mesmo volume de soja-perene. O resultado da experiência mostrou que o adubo verde aumentou a produtividade em 25%.
Essas experiências explicam por que muitos lavradores não conseguem bons resultados quando plantam adubo verde (Crotalária, soja, feijão-de-porco, etc.) em outubro, cortam-no em fevereiro, esperam pela decomposição e semeiam o feijão em setembro e outubro. As experiências demonstram a vantagem do plantio do feijão em fins de fevereiro, vinte a trinta dias depois do corte das leguminosas.
Do ponto de vista prático do problema, achamos que, sempre que for possível, deve-se plantar adubo verde ou fazer o cultivo comercial de leguminosas antes da lavoura do feijão. Pode-se usar uma das seguintes formas:
- O feijão da seca sucede o plantio de adubação verde (Crotalária, soja comum, cow-pea) a ser incorporada ao solo em fins de janeiro. Com o uso de máquinas pesadas, como o rôlo-faca, pica-se a massa vegetal, que é misturada ao solo por um arado.
- Para o feijão das águas, efetua-se a incorporação de todos os restos vegetais de cultura comercial de soja-comum; Crotalária iuncea, Crotalária paulinea, guandu, tremoço, grão-de-bico, em agosto e setembro.
- Se na fazenda houver capineira de soja-perene ou pasto misto, pode-se arar parte dessa área e plantar feijão, que ocupará o terreno apenas durante três meses, findos os quais, a capineira ou o pasto misto se refaz.

- Na parte em que se cultivou o milho, após a sua dobra em fevereiro, pode-se plantar Dolichos lab-Iab 697 entre as linhas e deixar vegetar durante o inverno. Os restos de milho e de Dolichos são enterrados em agosto ou setembro, plantando-se feijão em fins de setembro a outubro.
- Na impossibilidade de empregar adubo verde ou leguminosas comerciais, o lavrador poderá escolher áreas abandonadas por dois ou três anos e anteriormente ocupadas por mato herbáceo ou pastos velhos. Neste caso, a aração deve ser feita um mês antes e o feijão receberá adubação de NPK. A rotação de culturas é uma prática aconselhável em todas as explorações agrícolas, sejam sob o ponto de vista sanitário, seja considerando o aspecto de nutrição da planta. No caso do feijão, entretanto, a escolha da cultura que precede seu plantio tem importância muito grande. Há alguns anos se recomendava plantar feijão depois da cultura de algodão, para aproveitar o efeito residual da adubação química pesada que esta cultura recebe. Na prática, no entanto, verificou-se que quando vem a seca, mesmo que ocorra uma ligeira estiagem, o benefício recebido em adubação química é totalmente anulado.
Recentes estudos vieram mostrar a importância da matéria orgânica e determinar quais as culturas a serem feitas antes do plantio do feijão. De preferência, devem ser culturas que deixem restos vegetais, como as de soja comum, de Crotalária júncea, de guandu, etc. Nas experiências realizadas, o tratamento que teve o plantio de soja-comum antes da cultura do feijão deu 25% a mais que a área-testemunha, deixada em repouso.
Um dos esquemas de rotação de culturas que sugerimos é o de soja x feijão x trigo, que podem ser exploradas em 24 meses sem complicação de trabalho no campo, já que entre urna cultura e outra pode haver um intervalo de dois a três meses para o preparo do solo.
Essa rotação terá a vantagem de se valer do uso da mesma combinada para colheita de todas elas, inclusive o feijão, que poderá ser colhido desde que seja utilizada, antes de entrar com a combinada, uma máquina cortadeira acoplada ao trator.
No Nordeste brasileiro se deve adotar a seguinte rotação com  alfafa x feijão, esquema que funciona muito bem no Vale da Califórnia e nas regiões áridas de Idaho, Colorado (EUA).
A prática da irrigação pode contribuir para corrigir fatores negativos do clima e elevar substancialmente o rendimento da cultura do feijão, aproveitando-se a experiência dos EUA acumulada durante dezenas de anos.
Considerando que os elementos causadores das moléstias de podridão bacteriana e antracnose são mais difíceis de ocorrer nas regiões secas e quentes do Nordeste brasileiro, deve-se pensar na realização de um trabalho integrado de todos os órgãos interessados, de Norte a Sul, na produção de sementes sadias de feijão.
A necessidade de água depende da intensidade da evapotranspiração da terra da região onde se faz a cultura. Algumas observações preliminares feitas pela Seção de Irrigação e de Leguminosas do IAC revelaram que nas condições do Estado de São Paulo, nas regiões de Monte Alegre do Sul e Ribeirão Preto, o consumo de água pelo feijoeiro foi respectivamente, de 2,5 a 3,5mrn/dia. É importante não deixar faltar água até a maturação das vagens, para o que se recomenda a irrigação a cada sete a nove dias de intervalo. Verificou-se também que a produção de sementes é afetada decisivamente se há falta de água durante as fases de florescimento e de maturação das vagens.
Preparo do solo: A prática de incorporação ao solo de massa vegetal não decomposta não proporciona, até certo ponto, o bom preparo do solo. Mas isto poderá ser contornado com o emprego de máquinas pesadas como rolo-faca, arados e grades puxados por trator. Esse trabalho extra é compensado pela redução dos riscos da cultura. Os volumosos restos vegetais recomendados são de fácil desintegração. Uma vez picados e incorporados ao solo com esmero e desde que as sementes de feijão possam entrar em contato íntimo com a terra, não haverá prejuízo de monta na germinação.
É importante que o solo fique arado e gradeado convenientemente para garantir melhor germinação das sementes, sem falhas, e também melhor desenvolvimento do sistema radicular. A qualquer custo, deve-se evitar as ervas daninhas, principalmente na fase inicial do ciclo, pois o feijoeiro é uma cultura muito sensível à concorrência do mato.
Sementes
Uma das causas dos constantes insucessos, em nosso meio, na cultura do feijão, é a ocorrência de moléstias transmitidas pelas sementes. As mais graves e freqüentes são o mosaico comum (moléstia cansada por vírus), a podridão bacteriana e a antracnose. Lavradores acostumados a usar sementes da própria lavoura, quase sempre infetada de moléstias, inconscientemente estão espalhando os patógenos de uma geração a outra e de uma localidade a outra.
É preciso que esses lavradores se convençam da vantagem do uso de sementes certificadas, isentas de agentes causadores de moléstias. Esse o melhor meio de se evitar a sua propagação e de se reduzir o prejuízo. Sementes certificadas são obtidas no campo sob inspeção, de especialistas no assunto, durante a fase de vegetação e inteiramente isentas de patógenos. A despesa maior que teriam com a aquisição de sementes certificadas é compensada com a garantia de plantas sadias, vigorosas e sem falhas.
Variedades: Variedades produtivas, resistentes às moléstias e às pragas, que se adaptam facilmente às condições adversas do solo e clima, são as mais indicadas para uma cultura em bases econômicas.
Desde que se consiga uma variedade geneticamente produtiva, relativamente tolerante às oscilações de temperaturas e às condições pluviométricas e também resistentes a algumas moléstias, pode-se assegurar, com o uso de outras técnicas culturais, um bom resultado no plantio do feijão. Seriam compensadoras as práticas, bastante recomendadas, aliás, do emprego de sementes sadias, de adubação fosfatada em solo pobre de fósforo, da eliminação do mato através do uso de herbicidas ou capinas manuais, se a variedade eleita possuísse capacidade potencial de produtividade. A variedade carioca, pelo resultado dos estudos de alguns anos realizados por D'Artagnan e outros em vários pontos do Estado de São Paulo, apresenta as características antes mencionadas, satisfazendo a todas as condições exigidas para um bom plantio.
Época de plantio
Por ser muito sensível ao meio ambiente e às condições climáticas, na cultura do feijão deve considerar muito a época do plantio, principalmente quando é feita sem irrigação. No Estado de São Paulo, exceto no Vale da Ribeira e no Vale do Paraíba, as épocas de plantio mais aconselhadas são os períodos que vão do fim de setembro ao início de outubro (feijão das águas) e fevereiro (feijão da seca). Nos dois vales, do Ribeira e do Paraíba, devido às condições peculiares que apresentam, o feijão é plantado apenas uma vez por ano, em março e em julho, respectivamente.
O escoamento das safras de feijão, como pode ser verificado, se faz de forma bem definida e em épocas bem determinadas, isto é, em dezembro e abril, na maioria das zonas produtoras. Outras safras que forem obtidas contribuirão, evidentemente, para suavizar a oscilação de preços que geralmente ocorre entre a safra tradicional do feijão das águas e as safras do feijão da seca. É preciso estimular a diversificação da época do plantio e, para tanto, deverá ser estudado o plantio em zonas litorâneas, nas regiões áridas do Nordeste brasileiro (sob regime de irrigação) e em alguns vales que apresentem condições específicas preferidas pelo feijoeiro, fora das épocas normais de plantio. Essa diversificação permitirá levar um produto ao mercado consumidor em condições bem melhores.
Espaçamento: O espaçamento e a quantidade de semente a ser utilizada depende da variedade, da fertilidade do solo e do tipo de cultura (irrigada ou não) a ser feita. Assim, para as condições normais de fertilidade do solo no Estado de São Paulo e para as variedades carioca, rosinha G-2 e bico-de-ouro, em cultura não irrigada, recomenda-se o espaçamento de 40 cm entre linhas e duas sementes a cada 20 cm, ao longo da linha.
Quando se pretende plantar utilizando máquinas, calcula-se o lançamento de doze a quatorze sementes por metro linear. Neste caso, o consumo é de cerca de 50kg de sementes por hectare. Para as terras mais férteis adota-se espaçamento um pouco maior e para a variedade de ciclo curto e porte pequeno, como o goiano-precoce, o espaçamento será de 40cm entre as linhas e o uso de duas sementes em cada 10cm, dentro das linhas.
O espaçamento nas culturas irrigadas deve ser em torno de 70cm entre as linhas e de 10cm dentro da linha, colocando-se uma semente apenas em cada cova. Nos demais Estados é recomendadas o espaçamento considerando-se as variedades utilizadas nas respectivas áreas de cultivo.